terça-feira, outubro 31, 2006

Velho Rei sem Novo Roque
Arranjaram-me um bilhete para o concerto dos GNR no Coliseu. Será o sétimo concerto dos GNR que assisto. O facto de os GNR não gravarem um álbum acima do razoável há mais de dez anos não obscurece que sejam a única banda de rock no país com gente com a qual não nos importaríamos de ser vistos a jantar na zona das comidas do Colombo. Rui Reininho não merecia ter tido um álbum de homenagem feito pelos primeiros pretos que se encontraram na rua (em termos de comparação veja-se a versão que os Lacraus -a minha banda- gravou do "Usa").
Há ajustes que mereciam ser feitos. O Tóli devia voltar para a bateria. Chega-lhe o intervalo do acordeão das "Dunas". Um regresso de Alexandre Soares seria a melhor Segunda Vinda da história da música popular portuguesa. Na ausência de milagres satisfazemo-nos com as palavras do Pequeno Monarca:
"Na vida há quem se afogue na pura paixão ou na fé
mas a posição mais complicada é beber e continuar de pé
".

Para o Gi.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Desânimo
Ando desanimado. Quem me manda chafurdar nos perfis dos Hi5? Não me recompus das fotografias de jovenzinhas evangélicas de 14 anos com mais nada sobre o pêlo que uma toalha de banho. Todos reconhecemos a institucionalização da luxúria mas quem não alimenta a esperança de, que nos soluços da voragem libertina, as nossas criancinhas sejam poupadas?
Ando desanimado. A minha mulher está prestes a dar à luz. A segunda menina. E uma década passa num instantinho.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Boquinha zero
"It is not an accident that Hello Kitty has no mouth. The small things Japan has been producing since the 1990's, of which Hello Kitty is the best representative, come at the end of a long process of "cutification": They are what remains after words and meaning have been reduced, erased, cast away."
Norihiro Katö na American Interest.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Hoje no quiosque
A Revista Atlântico com dose dupla de Evangelho:
- uma recensãozita sobre "Do Cativeiro Babilónico da Igreja" de Martinho Lutero (recordam-se?) no qual se afirma que o monge alemão "foi provavelmente o único religioso que conseguiu fazer do insulto um instrumento de santidade"
- e o habitual Púlpito de onde se discorre sobre o papel dos pregadores convidados nas igrejas protestantes.
Duas moedas de dois euros basta.

quarta-feira, outubro 25, 2006

E o pecado de chegar
Aos Joy Division aos 29, quem perdoa?

terça-feira, outubro 24, 2006

Intumesço
Meu ciber-amor maradona, essa de ser de extrema-esquerda pela falta de classe, instrução ou desodorizante apropriado da falange pró-vida é uma estrada de dois sentidos. Ou seja, às vezes sinto-me de extrema-direita.
Dou de barato que a defesa do não ao aborto é mais saloia. Tenho do meu lado uma quantidade suficiente de matronas algemadas em rosários, de tecnocratas que a última vez que leram alguma coisa fora do Diário Económico foi na distante e púbere catequese, e de fariseus naufragados em tinas intra-uterinas. Se fossemos escolher a morada por critérios de vizinhança será que ainda actualizaríamos blogues à luz do dia?
Um dos piores defeitos dos abortistas, que consegue mesmo ofuscar o facto de se vestirem melhor que os adversários, é essa vulnerabilidade ao esprit du temps. Quem se importa com sustentabilidades estéticas na hora de fechar o seu cofre de princípios sagrados vai passar a vida a dar o código do cadeado ao primeiro janota intumescido que lhe aperecer pela frente. Vejam a alegria com que contam com Catarina Furtado nas suas fileiras e os esgares sarcásticos nos seus rostos ao apontar que César das Neves veste o mesmo equipamento que eu... Estava bem se todos os batráquios que tivesse de engolir na vida fossem estes.
Agradeço os convites para integrar blogues do Não mas não farei campanha. Abandono guerras que alistam mulheres em salivação apologética (com imagens de Nossa Senhora ao peito ou com o próprio peito como imagem). Algum dos guerreiros entenderia quando, enlevado num êxtase inoportuno, confessasse que um ventre fechado é o sinal do Anticristo?

segunda-feira, outubro 23, 2006

sexta-feira, outubro 20, 2006

Temor de outrora
Já não tenho medo de Maria Filomena Mónica.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Gostar de homens XII

Jarvis Cocker.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Notas soltas
- Ontem fiz anos, pois. Eu, e a minha irmã gémea e mais umas dezenas de pessoas que Deus não quis que 17 de Outubro fosse um dia assim tão especial.
- Os Lacraus (a minha banda) e a FlorCaveira (a editora que criei há uns anitos) andam a ser mencionados na Antena 3.
- Ando a ler sobre Locke, Berkeley e companhia e parece que não mas ser picuinhas com a linguagem pode ter salvado o mundo de mais umas duas ou três guerras mundiais. Há que ter calma com a nossa tão cartesiana capacidade de abstração.
- Fizeram-me descobrir no YouTube uns videos de pegadinhas do João Kléber (sou fã do João Kléber e um dia posso tentar explicar porquê). Pegadinhas são apanhados. No Brasil acaba tudo à pancada o que me faz pensar que há questões culturais (como em certos países acabar tudo à pancada) que a nossa intelectualidade não toca.
- Comecei a consumir algumas revistas de moda e mundanidades e não se espantem se qualquer dia iniciar um negócio de roupa.
- E por falar em subjectividades, aqui está a visão da minha filha do seu progenitor.


Entretanto soube através da leitora Karla Lopez que as pegadinhas do João Kléber eram encenadas. Lá se foi a antropologia.

terça-feira, outubro 17, 2006

Nunca só
Há 29 anos eu nascia. Acompanhado. O que fez de mim uma pessoa muito vocacionada para essas coisas da alteridade.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Metralhadoras
Há uma música dos Cramps chamada "Bikini Girls With Machine Guns" que sempre me pareceu pleonástica.

Para a Filipa.
A minha prateleira de discos VI
A seguir ao Emanuel vem o Eminem.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Coluna Infame changed my life
Há quatro anos o Pedro Mexia, o Pedro Lomba e o João Pereira Coutinho não tinham, de certeza, a noção que se preparavam para mudar vidas (perdoem-me o jargão evangélico). Que seria eu hoje sem a Coluna Infame? Uma pessoa com uma hora a menos de leitura média diária, uma pessoa mais mal-vestida, e, estou convencido, uma pessoa dotada de menos recursos no exercício da sua modesta actividade sexual. Devo esclarecer que agora conheço pessoalmente todos os autores da Coluna Infame (o Pedro Lomba havia sido meu colega na Preparatória, o Pedro Mexia é uma companhia à qual me colo infantilmente em aniversários de amigos em comum, e o João Pereira Coutinho encontrei um par de vezes em almoçaradas). Serei subserviente a estas três personalidades para o resto da minha existência terrena.

A data do primeiro post foi a 15 de Outubro mas não tenho por hábito actualizar o blogue no dia do Senhor. Os meninos do Público e do Diário de Notícias que aproveitem a antecipação para fazer uma nota sobre o assunto. Sugiro algo tão criativo quanto "o nascimento da blogosfera lusa".

quinta-feira, outubro 12, 2006

Filhinhos de Gepeto
Segundo Scruton um dos grandes contributos de Pascal foi a sugestão de que a crença religiosa podia emanar de uma actividade voluntária. A pessoa apostava que Deus existia.
O bom Blaise em muito ajudou a terminar a época dos Pinóquios. Haja carne, osso e coração para a fé. Já não há necessidade de nos pormos a pau.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Cuecas no pendão
Há uma novela da TVI em que um marido traído se apaixona pelo amante da esposa, uma rapariga de ar anémico faz swing acompanhada do marido, uma Rita Blanco decide salvar o casamento aderindo à prática referida (Ó Rita...), uma Dalila do Carmo desempenha um exemplar registo etílico, etecétera, etecétera. A libertinagem quando alvoraçada em bandeira ganha o sex-appeal do monge. As Sodomas que precisam de cativar novos moradores nem o fogo do Senhor merecem. É deixá-las entregue à desertificação rural.

terça-feira, outubro 10, 2006

Queda
"But perhaps you think I exaggerate? I have a certain rethorical tendency, I admit".
À página 66 de "Decline And Fall" de Evelyn Waugh, a frase do meu epitáfio.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Reanimação
O teste de som. Há quem o chame de soundcheck e quem o chame de checksound. Odeio testes de som. Os testes de som servem para técnicos de som dizerem que o som está bom. Odeio técnicos de som. Os técnicos de som criam um som bom. Odeio um som bom.
O roque-enrole precisa de testes de som, de técnicos de som e de sons bons. Mas precisa também de não se reduzir a isto tudo. Senão está morto e não sabe. Eu não quero que o roque-enrole esteja morto.
Compras
Um Beck (Midnite Vultures), um Blues Explosion (Damage), um Spiritualized (Complete Works Volume One) a menos de cinco euros cada? Worten sempre.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Ofensa
Um inimputável insulta-nos em altos brados no meio da rua. Logo uma pequena multidão propõe-se a desmenti-lo, louvando publicamente o nosso nome.
Que momento é mais humilhante? Sem dúvida o segundo.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Amanhã
Os Lacraus rocam no Barreiro Rocks. Numa matiné que começa às 16h.
Olhem o que escrevem sobre nós: "esta é uma das melhores bandas punk rock nacionais [adjectivação claramente valorativa] e Tiago Guillul [que é o meu nome artístico - Cavaco em hebraico, pouco original mas funciona] um dos melhores escritores de canções em Portugal [uau! I knew it!]. Nascidos das cinzas dos Gratos Leprosos com ramificações que vão desde os míticos Guel, Guillul e o Comboio Fantasma [que deu ao mundo o teclista-guitarrista João Eleutério dos Cindy Kat] aos Pontos Negros, Borboletas Borbulhas, entre outras bandas, Tiago Guillul, Guel e Cado fazem, como Lacraus, uma fusão perfeita entre as suas proclamadas influências: Ramones e António Variações [não diria melhor]".
Vêem o que andam a perder?

terça-feira, outubro 03, 2006

Não deixa de ser paradoxal
Que seja necessário algum tipo de livre-arbítrio para que o homem possa ser manietado pelo Maligno. Ou dirigido por Deus.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Roque nos pés e uma contradição nas premissas
Cinquenta euros por uns all-star está fora de questão. Orientei uns amarelos por 19 euros e 90. Fui ao cinema na sexta à noite no Dolce Vita de Miraflores e ofusquei todos os moranguinhos com açúcar que lá andavam (by the way, é certo que o Colombo é só chungaria mas um centro comercial com 91% de classe média-alta ultrapassa a estaca da depressão clínica).

Carla, eles têm algo de Bomba-Inteligente.
O Samuel Úria
Voltou a ter um blogue. Chama-se Ainda Não Está Escuro. Corram.